domingo, 20 de março de 2016

Espiritualidade: muito além do científico

      A morte muitas vezes "bate" na porta das pessoas e revoluciona as suas vidas, de uma forma ruim ou boa. Algumas vezes uma pessoa da família está no processo de "partida" e os familiares que estavam brigados se reaproximam e se permitem perdoar, remoldando aquela história. Outras vezes a morte do indivíduo traz discórdia, devido a acusações de culpa ou por interesses individuais. Não creio  que a pessoa que "parta" saiba o que ocorre com seus familiares (meu pensamento sobre o tema), mas sim que mantém uma consciência daquilo que foi e fez enquanto era um ser humano vivo, como se percebe ao ler o texto bíblico de Lucas 16: 19-31, no qual o homem rico lembra da família, mas não pode se comunicar com ela.
      Acredito que se pensássemos mais na morte, sofreríamos menos ao experienciar esta no nosso cotidiano. O professor Luis Carlos Marques (2012), menciona em seu vídeo que antigamente as antigas civilizações egípcias, gregas, mesopotâmicas, mexicanas, entre outras, associavam muito a vida (incluindo a fase do nascimento) e a morte. Talvez porque naquela época as mortes ocorriam com maior frequência do que atualmente, devido a guerras e grandes epidemias, tendo que ter uma alta taxa de natalidade para manutenção da comunidade, o que não ocorre com tanta frequência nos dias atuais. Nesse sentido, as suas vivências tanto de vida como de morte eram muito frequentes e havia crenças de reencarnação, que perduram até hoje.
      O que é metafísico realmente não tem como ser visualizado, mas pode ser percebido, segundo o mesmo professor. A ciência apenas acredita naquilo que pode ser provado e visto, enquanto que a espiritualidade é constituída pelas vivências individuais, ou seja, é subjetiva, se crê naquilo que se experienciou e por esta razão a ciência a desconsidera. Penso na dificuldade de se contestar sobre a crença do indivíduo, uma vez que não a vivenciamos. Por isso se possui a necessidade de empatizar com o pensamento do outro e julgamentos não deveriam emergir em nossas relações. 
      Nesse contexto, percebo que se tem uma necessidade das pessoas se autoconhecerem e, quando digo isto significa definir-se quanto aos seus sentimentos e quando estes emergem, como podem enfrentar os momentos que antecedem e que são posteriores a morte. Alguns dirão que precisam de mais companhias, outros dirão que precisam mais da presença de Deus, outros ainda dirão que precisam de tratamento psicológico, enfim...Mas e antes disso tudo. O que fazer em vida para morrer bem? O que fazer para entender para onde vou? 


Vídeo de MARQUES (2012) em: <https://www.youtube.com/watch?v=7oWO5oPMOi8>.

Autora: Adriane Carine Kappes


3 comentários:

  1. O que há de metafísico nessa busca constante de longevidade? Onde fica a possibilidade de apenas sentir o que se passa e viver da melhor forma possível, sem a preciosidade de esperar viver mais e mais e mais?

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    1. Na verdade não vejo isso como sendo metafísico, e sim, como evidência de se afastar (ou prolongar) mais um pouco da morte. O fato de evitar rugas no rosto, para não perceber seu processo de envelhecimento, o querer viver mais para postergar o momento de colocar a sua vida em dia. Afinal, muitos acreditam que precisam arrumar tudo em sua vida antes de morrer.
      Acredito que as pessoas possuem muita dificuldade em apenas viver e não se preocupar com o quanto vivem. Talvez teríamos que aprender um pouco mais com os antigos povos...

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