quinta-feira, 19 de maio de 2016

FASES DO LUTO - Como e onde buscar forças para enfrentar esta perda



Elisabeth Kubler Ross era uma psicologa que escreveu “Sobre a morte e o morrer” que teve sua publicação originalmente em 1969, onde trouxe experiências de pacientes sobre a aceitação de uma doença ou da terminalidade. Mesmo a mote sendo óbvia para todos, ainda é tratada como um tabu, onde só de falar o nome já reverbera medo e tristezas,  em seu livro a autora traz o trecho “ Se não podemos negar a morte, pelo menos podemos tentar domina-la”, esta é uma crítica que a autora faz a forma que os profissionais da saúde tratam seus pacientes, tentando dominar e ludibriar a morte, dando esperanças  e gerando maior sofrimento a família e ao paciente, quando nem mesmo a equipe trata isto como um tema aberto e sem preconceitos, como passar esta possibilidade a família sem que gere um grande impacto?
 Para passar pelo luto, seja ele da morte de um familiar ou pelo diagnóstico de uma doença, são encontradas cinco etapas – que Elisabeth diz que o enlutado passar por pelo menos duas. Esta fases não seguem necessária mente a ordem que será explicado a seguir, bem como podem voltar e se misturar ou apresentar duas fases consecutivas. Embora estas não sejam apresentadas por todos pacientes é necessário o conhecimento das mesmas, para que se possa saber trabalhar com o enlutado da melhor forma possível.  

Primeiro estágio: Negação e isolamento
Como uma ferramenta de defesa psíquica a pessoa nega a situação que esta tendo que enfrentar, no caso de um diagnóstico esta pode buscar incessantemente a opinião de outros médicos ou a realização de novos exames, evita falar sobre o assunto como se este de fato não estivesse ocorrendo. O isolamento também pode acontecer por meio da negação do contato com os familiares ou amigos, podendo ser mais uma forma encontrada para evitar o assunto.
Não acreditar em algo que não queremos é natural do ser humano, uma rota de fuga que na maioria dos casos é utilizada. Mais importante que dar um disgnóstico é a forma que este é dada e recebida. A maneira como o enlutado vai passar por estas etapas do luto, frequentemente se modifica diante da forma que se dá a notícia e das opções que são demonstrada neste momento, “ não largar a bomba e virar de costas” é um ditado que muito se ouve, mas de difícil aplicação. Dar a notícia da perda e junto uma estratégia para minimiza-la, quando possível, é uma das capacidades que devemos aprimorar.

Segundo estágio: Raiva
É nesta fase que a pessoa demonstra a raiva pela situação. Inveja, revolta e ressentimento também podem ser demonstrados, a pergunta do “por que comigo?” surge e todos que estejam bem são alvos de fúria e tratados como causadores de sofrimento, a sensação de injustiça só faz com que a raiva cresça.
É importante que a equipe e familiares compreendam que os momentos de raiva que podem ser direcionados a eles, não necessariamente diz respeito a algo que foi feito pelos mesmos, conhecer que esta é uma etapa que muitos pacientes enfrentam, diminui o impacto da raiva mal direcionada. Manter a calma e mostrar apoio diante da situação é fundamental.

Terceiro estágio: Barganha
A barganha se dá quando a sensação de perda se torna clara, a negociação consigo mesma ou voltadas para a religiosidade são as mais frequentes, promessas, sacrifícios ou pactos são comuns – exemplo, nunca mais colocarei um cigarro na boca se me curar do câncer. A esperança de que tudo  volte a ser como era antes da notícia é grande e pode servir como uma forma de ancoragem para manter a pessoas engajada a seguir o tratamento ou servir como mais uma frustração quando vê que sua negociação não foi atendida.
A barganha pode ser vir como algo que impulsione a adesão de algum tratamento por exemplo, mas quando a troca não é alcançada também pode ser mais um motivo de frustamento para o enlutado. Diagnosticar quais são as barganhas que vem sendo solicitadas e deixar o paciente a par das possibilidades de alcança-las, ou não - de uma maneira que não gere desmotivação- é importante.

Quarto estágio: Depressão
Quando a consciência de que a perda é inevitável se instala a depressão, a sensação de que não há como escapar da perda gera um sofrimento profundo, de impotência e  a necessidade de isolamento fazem com que aconteça uma grande introspeção e o comportamento auto-defensivo.
Muitas vezes a família não esta preparada para lidar com o estágio da depressão, o isolamento e as queixas frequentes podem afastar os amigos e a família, conversar com estes e com o enlutado é importante para que esta etapa seja enfrentada da melhor maneira possível, o conhecimento do que esta se passando gerá força a família e auxilia na formulação de estratégias de enfrentamento.

Quinto estágio: Aceitação
Esta é a ultima fase do luto, e algumas pessoas nem se quer alcançam. Quando a pessoa aceita a situação e a perda, sem negação ou raiva, a sensação de vazio que antes era enorme agora é preenchida pela paz e serenidade. As emoções já não estão tao afloradas e é possível conversar com outras pessoas sobre o assunto e planejar estratégias de enfrentamento. A chegada a esta fase depende muito de cada pessoa, do apoio que esta recebendo, da rede de cuidados que se formou, da espiritualidade entre outros fatores.

Mostrar que este não é o fim de uma jornada, e que o apoio familiar e dos amigos é importante para que se estabeleça o bem estar do indivíduo.

Acad Enf. Bruna Bueno

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