Falar sobre morte não é uma tarefa fácil, pois “ela”
nos remete diretamente ao sentimento de perda. Mas como lidar com algo que não
conhecemos ou que não entendemos completamente?
Inicialmente quando "ela" ocorre com
algum familiar, causa tristeza de sua partida. Contudo, pode ser encarada como
um evento que causa alívio no sofrimento daquele indivíduo e também da sua
família. A morte é uma etapa da vida, que finaliza o processo vitalício. Neste
sentido, a morte precisa ser encarada somente como mais uma etapa da vida, que
não precisa ser considerada traumática, mas apenas lembrada.
Pessoas que amamos se vão a vários momentos. Chorar
a perda, passar pelas fases de luto é natural, a falta e a lembrança dos
momentos felizes juntos irão surgir, as vezes concomitantes e mais intensos do
que pensamos. Porém, devemos ficar atentos, quando essas lembranças começam a
se transformar em sinais de depressão e consequentemente começam a atrapalhar e
interferir em nossas vidas. Neste momento, deve-se procurar ajuda. Deve-se ter
consciência de que podemos não ser capazes de carregar todos os fardos que a
vida nos reserva e pedir ajuda não é vergonhoso, ao contrário, é um sinal de
autoconhecimento.
A morte hoje já não é mais uma coisa ruim, é o final de um ciclo e início
de outro, tanto para quem fica, quanto para quem parte. Para quem parte,
terminam-se as ações e descansa-se. Para quem fica, sobram as recordações e
inicia-se a adaptação sem aquela pessoa, seja ela querida ou não, lembra-se dos
exemplos e se eternizam os aprendizados.
É preciso parar de sentir medo da morte, afinal é a única
certeza que temos e esta deve servir como guia para a nossa vida. Servir para
repensar as formas que vivemos e nos relacionamos, aproveitar todas as
oportunidades, amar intensamente, derramar algumas lágrimas. Tudo isso reflete
na forma em que vamos morrer e tentamos realizar as nossas vontades e sonhos,
afinal, se não fizermos nunca saberemos se dará certo. E quando a morte chegar,
se tivermos vivido, aí sim morrer valerá a pena.
Com
todas estas reflexões, os aprendizados ao longo das aulas e de nossas próprias
vivências, percebemos que encarar a morte é muito pessoal, a forma como cada um
encara este momento em sua vida vai depender da sua trajetória de vida e como
tudo foi experienciado até o momento do acontecido. A intensidade do vínculo
que tivermos com a pessoa que partiu vai depender da relação de ambos, pois
muitas vezes as dificuldades de encarar a morte de um ente querido é por
remorso ou por amar muito. O somatório disto conta muito para este
enfrentamento ocorrer de forma mais facilitada ou dificultosa.
O processo de luto é muito importante e deve ser vivido, seja de qual
forma for, e talvez não exista melhor
remédio que um olhar sincero de outra pessoa sugerindo compreensão e parceria,
enquanto se encara a dor da realidade.
A grande verdade é que não há forma de encarar
a morte e sim a maneira de como NÃO encarar a mesma.
“Não deveríamos encarar a morte como uma tragédia ou pagamento doloroso
de pecados, mas como mais uma forma de aprendizado onde no final o sentimento
que fica é de dor e perda e uma ponta de conforto por termos convivido com o
ser espiritual cheio de falhas mas com ensinamentos em busca de aprimoramentos
também” (Nilton Mendonça).